Herói de Forte de Coimbra é relembrado no Forte Pantanal
Campo Grande (MS) – O Comando Militar do Oeste realizou nesta quinta-feira, 24 de setembro, uma solenidade militar, no Campo de Parada General Plínio Pitaluga, no Forte Pantanal, em homenagem ao Coronel Ricardo Franco de Almeida Serra que, com seu ato de bravura, não mediu esforços na defesa do Forte de Coimbra, um dos marcos da consolidação da Fronteira Oeste.
Na oportunidade, o Comandante Militar do Oeste, General de Exército Fernando José Sant’ana Soares e Silva destacou o ato de coragem do Coronel Ricardo Franco e dos demais homens. “É muito importante reverenciarmos a memória de Ricardo Franco e dos bravos que com ele defenderam o solo do nosso País. Sem esse ato de extrema bravura, talvez, essa porção do território nacional não fosse nossa. É importante lembrarmos, também, das dificuldades que os nossos antepassados tiveram para riscar a nossa fronteira, riscar com a baioneta e lança, colocando, em nossos ombros, a missão de preservá-la e defendê-la. Por isso que quando hoje, enfrentarmos alguma dificuldade, temos que olhar para o passado e nos espelharmos na bravura desses homens que, com certeza, enfrentaram dificuldades muito maiores que as nossas, sobre quaisquer aspectos. Homens de grande coragem e de grande valor”, destacou o Comandante.
O Coronel Ricardo Franco, também Patrono do Quadro de Engenharia Militar do Exército Brasileiro, em 24 de setembro de 1801, barrou a invasão espanhola na Fronteira Oeste, tornando-se, então, o herói de Forte de Coimbra.
A gloriosa vitória de Ricardo Franco
Perfila-se o Comando Militar do Oeste, neste 24 de setembro, para celebrar a memorável resistência comandada pelo Tenente-Coronel Ricardo Franco de Almeida Serra, que barrou um poderoso ataque espanhol ao Forte de Coimbra no início do século XIX!
Impressiona-nos a vocação vinda do infinito, que uniu esse herói português à Fronteira Oeste brasileira. No mesmo 1748, veio à luz, em Lisboa, o pequeno Ricardo Franco, e foi criada, no Brasil, a gigante capitania de Mato Grosso, cujo território correspondia aos atuais estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia.
Anos mais tarde, as terras dessa longínqua capitania receberam o jovem oficial Ricardo Franco que, no Forte de Coimbra, imortalizou-se como um gigante em heroísmo, virtudes militares e valores morais e cívicos. Um verdadeiro homem de fé e do dever!
Em 1797, ao assumir o comando do então presídio de Nova Coimbra e da fronteira Sul de Mato Grosso, o Tenente-Coronel Ricardo Franco, prevendo futuras tentativas de expansão castelhana, tomou duas providências estratégicas: construir, no local do presídio, um forte permanente, em substituição à simples estacada de que era feita aquela praça de guerra; e enviar um contingente, sob o comando de Francisco do Prado, para fortificar o Rio Miranda.
Com essas deliberações, Ricardo Franco deu prova do caráter e da firmeza de soldado disposto a levar o cumprimento da missão às últimas consequências, credenciando-se como um dos grandes fronteiros de Mato Grosso.
Em 1801, na Europa, a expansão napoleônica pressionou a Espanha, que atacou Portugal, acirrando os ânimos em suas colônias. A notícia deste rompimento bélico chegou primeiro a assunção e, como a fronteira Luso-Brasileira vinha sofrendo o vaivém dos tratados de limites desse período, o governador de assunção, Dom Lázaro de Ribera, decidiu subir o Rio Paraguai, com uma poderosa flotilha, para conquistar o Forte de Coimbra e varrer toda a presença portuguesa até Cuiabá! Ele aportou na ilha ao sul daquele baluarte no dia 16 de setembro, com 3 grandes sumacas, um grande barco e 20 e tantas canoas, que transportavam mais de 800 atacantes!
No Forte de Coimbra, construídas somente as muralhas laterais e frontal, contava Ricardo Franco, no seu interior, com apenas 49 combatentes e 60 civis, que lhe foram leais e, perto de si, a imagem de Nossa Senhora do Carmo trazida por ele, para Coimbra, em 1798!
Ao avistarem as embarcações, um canhão de coimbra troou duas vezes, alertando ao invasor que ninguém ultrajaria o sagrado solo do Brasil!
A resposta inimiga foi uma maciça carga de artilharia embarcada, que durou até o romper da noite. Esse ataque castelhano não teve o efeito surpresa, pois um índio guaicuru, nixinica, alertou Ricardo Franco sobre a aproximação da frota castelhana.
Na manhã de 17, Ricardo Franco respondeu ao ultimato inimigo afirmando que preferia sepultar-se sob as ruínas do forte do que desampará-lo.
Teve início o terrível bombardeio dos canhões castelhanos contra as muralhas! Toda investida por terra foi ferozmente rechaçada pelos defensores do Forte. Os canhões inimigos não deram trégua. somente suspenderam fogo no dia 23 por causa dos fortes ventos e da tempestade que caiu!
No dia seguinte, 24 de setembro de 1801, as sumacas dispararam cerca de 100 granadas sobre Coimbra. Por volta das 21 horas, o inimigo desistiu de conquistar a fortaleza, e voltou para assunção!
No confronto com a resistência de Ricardo Franco e seus 109 bravos heróis, o saldo castelhano foi de alguns mortos e feridos, e uma sumaca avariada!
No Forte de Coimbra, nenhum morto ou ferido! Essa resistência heroica e vitoriosa durara 9 dias!
Contemplando a imensa área que constitui o comando militar do oeste, ficamos estuantes de ufania e certos de que não fosse a vitória que estamos celebrando, o oeste do Brasil não seria Brasil e, portanto, não existiria o Comando Militar do Oeste!
Verdade que nos emociona e motiva! Clarins do Comando Militar do Oeste, tocai vitória, rompei os umbrais do infinito, e saudai em nome dos atuais defensores deste chão os heróis do passado: Ricardo Franco e seus bravos!
Forte Pantanal, 24 de Setembro de 2020.
FERNANDO JOSÉ SANT’ANA SOARES E SILVA
Comandante Militar do Oeste
Fotos: Sd P. Lopes e Sd Fuzaro
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